Transformar realidades e construir soluções para diferentes problemáticas, são características que fazem parte do empreendedorismo. E quando olhamos para lugares periféricos, percebemos isso de uma forma ainda mais evidente. Os dados vêm para validar esse viés, segundo uma pesquisa realizada pela Data Favela que foi apresentada no Expo Favela Innovation, 68% das pessoas desejam abrir um negócio na própria comunidade onde moram. Para pessoas com mais de 50 anos esse índice sobe para 19%. As porcentagens mostram que olhar para as dores locais e gerar um produto ou serviço a partir delas é uma visão expressiva em crescimento. 

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Existem exemplos brasileiros e nordestinos, alguns apresentados na Expofavela,  que é uma feira de negócios que tem o objetivo de dar visibilidade para iniciativas da favela e da periferia, proporcionando um momento de  encontro com investidores que possam acelerar empreendimentos. A edição da feira que ocorreu em São Paulo, reunindo mais de trezentos negócios de todo o País, escolhidos para expor seus serviços e produtos em busca de investimentos e parcerias durante o encontro. 

 

Iniciando os exemplos com a empresa bom viver reformas populares, uma empresa nascida em um hackathon promovido pela Somos Um em setembro de 2019, a Bom Viver Reformas Populares tem planos de chegar a todas as periferias do Ceará, desde Fortaleza, Região Metropolitana até as macrorregiões, mostrando que reformar pode ser acessível para todas as classes.

 Já a Universo Robótico, é fruto  de uma inquietação do CEO da empresa, Majela Oliveira, ao observar que o Brasil tem uma escassez de produtos ligados à tecnologia na educação frente a outros países. Daí surgiu o Zöy, um robô educacional feito de plástico reciclável. Esse exemplo olha para a tecnologia alinhada com a inovação e demonstra como é possível e condizente com a realidade criar uma tecnologia pensada para uma problemática específica. É o que os negócios buscam atingir, construindo uma solução assertiva mas que possa ser colocada em prática principalmente em ambientes com dificuldades maiores. 

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Saindo da tecnologia e indo para o ramo alimentício, existem algumas variações culinárias que alguns lugares não conseguem ter acesso de maneira tão prática assim, e pensando nisso, algumas pessoas trabalharam para tornar possível certas experiências. É o caso da empresa Fritadasso, que ficou conhecida na periferia por fornecer frango frito, uma comida que não chegava por delivery no bairro.  

Outra questão que tem chamado atenção é que a falta de infraestrutura nas favelas não gera apenas problemas de locomoção, mas impacta a logística, o que impossibilita em diversos momentos que os moradores realizem compras on-line, ou recebam suas correspondências em casa. Estima-se 36 milhões de pessoas que não têm acesso a entregas a domicílio, muitas vezes esses consumidores não têm CEP para serem localizados, o que impõe grandes desafios para a chamada last mile — entregas da última milha até a porta do cliente. Então, o NaPorta atende o Rio de Janeiro e São Paulo, O Favela Xpress em Paraisópolis, o Traz Favela em Salvador, entre outras iniciativas no Brasil como Correios Comunitários, Carteiro Amigo e e-Boxes, que além de possibilitar o consumo ainda gera renda na comunidade. 

Todos esses exemplos reforçam como o empreendedorismo é uma ferramenta transformadora, que impacta a vida de quem resolve empreender, mas também mostra que a periferia é um mercado consumidor que pode ser melhor desenvolvido. Estima-se que 17,9 milhões de pessoas residem em favelas atualmente no Brasil e ainda, segundo a pesquisa do Data Favela, pessoas moradoras de comunidades brasileiras movimentaram cerca de 202 bilhões de reais somente em 2022.

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