O envelhecimento está sendo celebrado e visto com novos olhos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2030, 1 em cada 6 pessoas no mundo terá 60 anos ou mais. O número de pessoas com 80 anos ou mais deverá triplicar entre 2020 e 2050, atingindo 426 milhões.

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No Brasil não é diferente, dados do IBGE mostram que entre 2012 e 2021, o número de pessoas abaixo de 30 anos de idade no país caiu 5,4%, enquanto houve aumento em todos os grupos acima dessa faixa etária no período. Com isso, pessoas de 30 anos ou mais passaram a representar 56,1% da população total em 2021. A estimativa é que existam mais pessoas com 60 anos ou mais no Brasil em 2060, do que crianças, ou seja, 25% da população terá 60 mais e apenas 14% de crianças. Sendo assim, é fundamental preparar o mundo para atender a essa mudança tão grande.

Pensando nisso, é importante uma mudança de mentalidade da própria sociedade, que ainda pratica muito etarismo, que é discriminação com base em estereótipos associados à idade. É possível perceber que as pessoas de 40, 50 e 60 anos hoje têm um estilo de vida e rotina bem diferente do que há 20 anos, por exemplo. 

Muitas dessas pessoas estão reestruturando suas carreiras e suas vidas, realinhando sua aposentadoria com a busca de paixões e novos começos. Como resultado, elas estão considerando o processo de envelhecer de forma mais holística. Por isso, antes de qualquer coisa, é importante educar as pessoas para lidar com essa parte da população que está ocupando espaços que não imaginávamos até pouco tempo. Existem mudanças de comportamento que mostram quem já está pensando nesse público e existe quem já está lançando produtos e serviços diretamente para população 60 +, vamos a alguns exemplos:

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Um sinal de mudança são revistas super tradicionais trazendo e celebrando pela primeira vez em suas capas, mulheres acima dos 80 anos. Foi o caso da revista americana Sports Illustrated, que trouxe em sua capa, aos 81 anos, a famosa empresária e chef de cozinha Martha Stewart, que fotografou de roupa de banho. Esta capa da edição de maio já está sendo considerada histórica por ter trazido não só uma mulher madura, mas também por ela falar abertamente sobre sexualidade na idade dela e sobre como ela está resistindo à tentação de alterar seu rosto para parecer jovem.

 

A edição de abril da Vogue das Filipinas ainda foi mais ousada e trouxe na capa a tatuadora conhecida como Maria Oggay, que tem 106 anos. A revista celebra sua história com a milenar do batok, que são tatuagens feitas à mão e gravadas em um espinho de pomelo, uma vara de bambu, carvão e água. Ela se destaca como a estrela de capa da Vogue mais antiga até hoje, mas sua história se concentrou em seu impacto social, artístico e tradicional na antiga técnica que ela continua a ensinar e praticar.

O programa de tv dos Estados Unidos, The Bachelor, que sempre traz uma pessoa solteira em busca de um casamento, anunciou uma temporada para os maduros. A edição vai chamar “The Golden Bachelor” promete ser “um tipo totalmente novo de história de amor”.

 

 

Um outro exemplo é a Hello Sunshine, produtora de audiovisual americana que foi fundada pela atriz Reese Witherspoon após perceber que quando passou dos 30 anos, Hollywood já não proporcionava mais tanto espaço para ela e outras mulheres mais maduras. Ela decidiu montar sua própria produtora para produzir filmes e séries em que as histórias fossem escritas por mulheres e que as protagonistas também fossem mulheres maduras. Foi a forma que ela encontrou para buscar uma transformação social. 

E para dizer que não falamos em produtos, trago o exemplo da Beck’s Drinks, que lançou aqui no Brasil uma cerveja para consumidores com 70 anos ou mais. O lançamento de edição limitada é uma bebida mais saborosa que compensa uma perda comum de sensibilidade ao sabor que vem com o envelhecimento. 

O que trouxe aqui foram sinais de que existem mercados tradicionais já atentos a longevidade da população e buscando dar protagonismo às pessoas maduras. É bom lembrar que a economia prateada é a terceira maior atividade econômica do mundo, responsável por movimentar US$ 7,1 trilhões anualmente, segundo a agência de relações públicas e marketing norte-americana FleishmanHillard. No Brasil, a economia prateada já gera R$ 1,6 trilhão por ano.

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