Duas questões relacionadas à sustentabilidade estão mobilizando a indústria alimentícia: a primeira é o aquecimento global. Um relatório divulgado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos destaca que as mudanças climáticas podem causar a extinção dos cacaueiros já que 89,5% da terra usada atualmente para cultivar a fruta não será mais utilizável até 2050. A segunda está relacionada ao desperdício da matéria prima. Por exemplo, na fabricação do chocolate belga, que é o mais famoso do mundo, apenas os grãos são aproveitados para fazer o chocolate, quase 90% da matéria prima vira resíduo. Pensando nisso, a indústria está desenvolvendo inovações para que no futuro a gente ainda tenha um chocolatinho para alegrar nossa vida.
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O primeiro exemplo é a marca suíça Cabosse Naturals, que resolveu apostar no upcycling e criar uma nova linha de produtos que incluem alimentos e bebidas utilizando a parte do cacau que acabava sobrando, reduzindo a perda de 70% da fruta, agora as sementes, casca e a polpa são transformadas em opções para consumo.
Semelhante a proposta da Cabosse Naturals, a empresa colombiana Luker Chocolate quis ir além da produção tradicional e criou alternativas unindo o açúcar de coco ao chocolate, e fazendo parcerias com outras marcas que queiram unir qualidade e sustentabilidade. Além disso, a marca também pensou nos agricultores que vivem do cacau e ao invés de comprar somente os grãos extraídos, a empresa passou a comprar também outras partes da fruta, o que gerou uma renda adicional sem precisar que os agricultores aumentassem a produção.
Já a Mars, proprietária de marcas como M&M’s, está buscando alternativas para lidar com os impactos do aquecimento global. Em parceria com a Universidade da Califórnia, a empresa está buscando modificar o DNA dos cacaueiros para que os frutos resistam a altas temperaturas e as plantações não precisem ser levadas para locais mais altos correndo o risco de não possuir terra para comportar as plantações.
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Em outra vertente, há empresas produzindo chocolate sem o cacau. É o caso da WNWN Food Labs que trabalha para transformar ingredientes que tenham uma disponibilidade natural maior, sejam mais acessíveis e sustentáveis em chocolate sem a presença do cacau, mas mantendo as características do chocolate comum, que quebra, tem sabor, derrete e pode ser utilizado em bolos, sorvetes e diversas sobremesas.
Outro exemplo vem da Foreverland, marca que desenvolveu o Freecao, uma alternativa sem o uso do cacau produzido a partir da alfarroba, sendo vegano, livre de cafeína e possui menos açúcar que o chocolate regular. Trazendo um detalhe inovador, a marca lançou o que é considerado o primeiro ovo de chocolate sem cacau do mundo, especialmente para a Páscoa.
@foreverland.it Freecao – It’s not chocolate box Last box avaiable on https://foreverland.it/it #itsnotchocolate #cacaofree #sustainability #alternativefood
As questões de sustentabilidade dessa indústria vão além do aquecimento global, inclusive em regiões estratégicas como Gana e Costa do Marfim que são responsáveis por cerca de 60% da produção mundial do cacau. A preocupação também envolve a situação dos trabalhadores envolvidos nas produções precisam ser analisadas, existe um aumento preocupante do trabalho infantil na indústria a estimativa é que 1,5 milhão de crianças estejam sendo exploradas na região da África Ocidental, importante região para produção. Tem muita coisa a resolver!
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