O design inclusivo preza pelo desenvolvimento de produtos ou serviços adequados para atender as diversas possibilidades de limitação apresentada pelas pessoas, sejam elas ambientais, cognitivas ou físicas. Esse é um tema que já deveria estar mais popularizado, já que, de acordo com o IBGE, quase 45 milhões de brasileiros, cerca de 25% da população, declararam ter alguma deficiência.
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Beleza e higiene pessoal
Atualmente o mercado global está apostando em inovações que buscam minimizar as dificuldades sentidas pelas pessoas que têm alguma deficiência ou limitação, é o caso da Unilever, que desenvolveu uma embalagem de desodorante projetada para que pessoas com deficiência possam ter a independência de utilizar o produto sozinhos. O projeto inclui um formato de gancho que facilita o apoio do objeto, fecho magnético, rótulo com braile e o aplicador roll-on um pouco maior. Chamado de Degree Inclusive, nos Estados Unidos, ou de Rexona Inclusive e em outros países, o produto foi anunciado como o primeiro do segmento a atender essa necessidade latente.
Um outro exemplo é a marca de maquiagem americana Guide Beauty, que nasceu quando sua criadora, a maquiadora Terri Bryant, foi diagnosticada com mal de Parkinson. Para voltar a maquiar, ela passou a desenvolver objetos que ajudassem na estabilidade das mãos, surgindo assim novas peças para aplicar delineador e máscara para os olhos, por exemplo. A criação de Terri deu tão certo que a marca venceu o troféu de ‘Melhor Design de Moda 2021’da iF Design, uma das premiações mais prestigiadas do mundo. A Guide Beauty oferece hoje quatro produtos, focados na sobrancelha, cílios e contorno dos olhos para que todos possam se maquiar.
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Na moda
A Nike também decidiu apostar no design inclusivo e lançou, em fevereiro deste ano, o Nike GO FlyEase. Que é um tênis desenvolvido com a finalidade de ser intuitivo e prático, já que não precisa das mãos para isso. Ele possui uma articulação que permite que seja calçado com apenas um movimento feito com o pé.
No segmento roupas, há uma série de iniciativas que começaram a propor linhas inclusivas, refletindo a previsão feita por uma consultoria britânica que apontou que o mercado de roupas adaptáveis pode valer quase 280 bilhões de libras em 2026. O primeiro exemplo é a Reset, marca britânica que lançou sua primeira coleção este ano. Seu foco é em design funcional com fechos em velcro e golas pólo com fechos de ombro. Há também startups como a Megami, que está redefinindo a lingerie pós-mastectomia com seus sutiãs sensuais que apresentam bolsos discretos para próteses; e a I Am Denim , que projeta jeans elásticos para cadeirantes e pessoas que passaram por cirurgias abdominais. Um painel de lycra oculto costurado na cintura evita o desconforto ao sentar.
Já no Brasil, um exemplo de moda com design inclusivo é a Aria, empresa de roupas funcionais que pensa na experiência do vestir no dia a dia. É possível encontrar calças com zíper nas laterais, vestidos com abertura em velcro nos ombros ou shorts com bolsos para sondas. Tudo pensando na autonomia, praticidade e conforto das pessoas.
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Na tecnologia
A Microsoft lançou, em abril deste ano, no Brasil, controles adaptáveis para Xbox. Idealizado com a ajuda de jogadores com mobilidade reduzida, fãs e orientação de especialistas, produto funciona como uma base que permite a personalização de acordo com a necessidade do jogador. Além disso, a Microsoft anunciou que está comprometida em tornar a experiência dos funcionários e usuários mais acessível.
Dessa forma, fica a reflexão: o seu negócio é acessível? A resposta para essa provocação pode servir como base para inovações.