Não é de hoje que artistas digitais utilizam a internet para distribuir suas criações, o problema é que nunca tinha havido uma maneira real de possuí-las e colecioná-las, já que as obras podiam ser facilmente copiadas. Só que a aplicação de uma tecnologia chamada blockchain está possibilitando que produções artísticas e criativas digitais tenham a sua autenticidade comprovada. Este modelo de certificação inovador atribui a conteúdos e obras de arte virtuais a verificação de sua origem e propriedade. Por isso, o mercado de criptoartes e dos chamados NFTs (tokens não fungíveis) estão extremamente aquecidos movimentando negócios milionários.
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O primeiro exemplo de movimento na criptoarte foi a venda de um meme. O Nyan Cat, que completou 10 anos de criação, foi vendido por R$ 3 milhões em um leilão em fevereiro deste ano. Já o youtuber americano Logan Paul criou uma arte dele mesmo, segurando cartas de Pokémon em estilo de anime e a transformou em um ativo digital para vender aos fãs, faturando mais de 5 milhões de dólares. Um empresário da Malásia desembolsou 2,9 milhões de dólares para comprar o NFT do primeiro tweet da história, que foi feito em 2006 pelo fundador da plataforma Jack Dorsey.
Cantores internacionais também aderiram a criptoarte para venderem ativos digitais. Foi o caso da cantora canadense Grimes que vendeu 10 peças digitais, entre vídeos curtos com música e imagens digitais, por quase US $ 6 milhões em apenas 20 minutos! Já Shawn Mendes está indo mais longe ao criar em ambiente digital itens que são usados por ele em suas turnês, como sua guitarra e acessórios. A ideia é que os fãs possam comprar tais itens para usar em seus avatares no mundo digital. As peças serão produzidas em série limitada e o dinheiro da venda será convertido para uma instituição que o cantor apoia.
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O movimento da criptoarte está tão forte que até a Christie’s, mais famosa casa de leilões do mundo, fez história ao vender a peça “Everydays: The First 5000 Days”, criada pelo artista americano Beeple, por mais de US $ 69 milhões. Esta foi a venda de arte criptográfica mais cara até hoje e fez de Beeple um dos três artistas vivos mais valiosos.
NFTs no jornalismo
A produção de matérias jornalísticas também fez sua estreia no mundo dos NFTs. Um artigo escrito pelo colunista do New York Times, Kevin Roose, foi vendido por cerca de R$ 3,2 milhões. O conteúdo, intitulado “Por que um jornalista não pode entrar na festa do NFT?”, conta como fazer parte deste novo mercado e oferece a venda da matéria como teste. Para surpresa de todos um colecionador comprou e o dinheiro arrecadado vai ser revertido para um programa de doações internacionais apoiado pelo jornal.
O movimento também já chegou no jornalismo brasileiro. A Agência Lupa, empresa especializada em checagem de fatos, se tornou a primeira Fact-checker do mundo a vender uma checagem no formato NFT. O material foi comprado por R$ 500 pelo ex-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), editor do Estadão Dados e do Estadão Verifica, Daniel Bramatti. O conteúdo comprado foi a checagem de fato sobre Hidroxicloroquina.
Ser o dono de uma arte ou conteúdo digital original e certificado ainda soa um pouco estranho, mas este pode ser o início de um movimento que vai dar mais segurança ao mercado criativo, tanto para quem produz quanto para quem consome. Inclusive, os NFTs podem ser um bom aliado no combate à desinformação ao certificar conteúdos digitais originais, bem como seus autores.
- Imagem em destaque do site Binance Academy