A indústria da moda, que também inclui a indústria têxtil, é a terceira mais poluente do mundo e responsável por mais de 8% das emissões mundiais de gás carbônico na atmosfera. Até 2030 serão 148 milhões de toneladas de resíduos da moda no meio ambiente. Com o setor têxtil faturando R$185 bilhões só no Brasil, a preocupação se tornou o impacto dessa produção, já que, por exemplo, são necessários mais de 200 anos para que o poliéster, um dos principais tecidos usados pelo mercado, se decomponha. E é pensando em soluções sustentáveis que a indústria têxtil está inovando.
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O primeiro exemplo vem dos Estados Unidos. A empresa de biotecnologia AlgiKnit produz fibras têxteis a partir de algas marinhas, um dos organismos mais regenerativos do planeta. A proposta é criar fios duráveis, rapidamente degradáveis, com uma fibra forte e elástica o suficiente para ser tricotada em um tecido e também é adequada para uso em processos de impressão 3D. O material é ecologicamente correto e renovável para a economia circular.
Outra empresa de biotecnologia que promete revolucionar o mercado têxtil é a Provenance Bio. Também localizada nos Estados Unidos, a empresa cultiva proteína sintética com eficiência suficiente para competir com o mercado tradicional da proteína animal. Entre os produtos produzidos pela startup está um tipo de couro ecológico que dá uma alternativa mais sustentável para diversos artigos da moda, agora sem crueldade animal.
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O próximo exemplo vem de uma empresa italiana chamada Orange Fiber, que faz tecidos a partir do bagaço de frutas cítricas como a laranja, extraído do resíduos da prensagem industrial e do processamento da fruta pela indústria de sucos. O tecido se assemelha à seda e já foi utilizado pela H&M na Conscious Exclusive 2019, a coleção premium da gigante varejista americana. Poucas horas depois do lançamento, todas as peças esgotaram.
Uma outra inovação vem de uma empresa de Israel. A Remnant desenvolveu uma tecnologia que permite utilizar plástico bolha para a produção de tecido. O processo de fabricação garante um tecido altamente durável, à prova d’água, fácil de limpar e leve. Bolsas, sapatos, jaquetas e estofados para móveis são só alguns dos produtos à venda no site da empresa feitos com o tecido que também é vegano.
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A marca holandesa SEA’SONS é mais tecnológica e impacta na experiência de uso do consumidor. Ela lançou este ano moletons que mudam de cor de acordo com a temperatura do ambiente. Os tecidos são editados com microcápsulas reativas ao calor que mudam de cor aos 27 graus Celsius. Se está quente a cor é branca, se está frio ele fica cinza escuro ou azul. O processo de criação desse tecido levou mais de um ano para chegar em um modelo sustentável e de qualidade.
Agora citando exemplos brasileiros que estão pensando na sustentabilidade da cadeia produtiva da moda. Como o caso do movimento Sou de Algodão, que envolve desde o homem do campo até o consumidor final e tem o objetivo de incentivar o consumo consciente e certificado. A Ecomaterioteca, que tem como proposta debater sobre as possibilidades de produção sustentável e a democratização do conhecimento referente aos ECO materiais têxteis disponíveis no mercado nacional. E as varejistas Renner e Amaro que estão aos poucos inserindo em seus catálogos peças feitas com tecidos sustentáveis. A Renner através do selo “Re”, que indica a moda responsável, e a Amaro com produtos com certificação que o consumidor pode conferir as informações na hora da compra.
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