Empreendedores são figuras admiravelmente corajosas. Quando se trata de um pequeno negócio então… ouso afirmar que são heróis. Sempre que vejo uma lojinha nova abrindo as portas pela primeira vez, imagino quantos sonhos estão depositados naqueles poucos metros quadrados. Essa pessoa trabalha sozinha ou em família? Por que ela escolheu esse lugar? De onde surgiu a ideia do nome? Que fachada legal ou… poxa, que apertado esse lugar para tantas mesas. Sei que por trás de tudo isso existe um ser humano (ou vários) que quer muito acertar e que seu sucesso pode impactar muitas vidas.
Por isso também fico triste quando me deparo com lojinhas de portas fechadas, tornando-se mais um número na estatística das empresas que não resistem aos primeiros anos de vida. Será que faltou planejamento? Será que a localização foi a melhor? Ou será que a culpa foi da concorrência? Nesses tempos em que de médico, louco e marqueteiro todo mundo tem um pouco, é muito tentador presumir que a culpa é do marketing (ou da falta dele).
Mas você já parou para pensar que existe uma enormidade de gente que abre um pequeno negócio para seguir uma tendência ou atender um gosto pessoal? Gente que passa a vida lutando para convencer as pessoas a comprarem seus produtos ou serviços e que acredita que uma ação bem-feita de divulgação e boas promoções serão suficientes para vender mais. Mas será que a “mocinha das redes sociais” é mesmo a única responsável por fazer sua empresa bombar?
Você se identificou com esse cenário? Então, preciso muito te perguntar: por que mesmo você decidiu abrir uma empresa e fazer o que faz? Você está procurando pessoas para comprar seus produtos e serviços ou criou algo que atende à necessidade de alguém? Essa necessidade pode ser material, social ou emocional, não importa. Só não vale ser a sua própria ou dos seus familiares. Por favor, pare tudo se você não tiver resposta para essa pergunta.
Aprender a enxergar as necessidades do mercado é o primeiro princípio do marketing e deve ser a origem de qualquer estratégia. Em “Isso é Marketing“, Seth Godin destaca a transição do marketing tradicional para um marketing moderno. Ele argumenta que entender profundamente o cliente e criar algo de valor para ele é essencial para construir uma conexão verdadeira, o que amplia suas chances de conquistar micro frações de atenção. Ou seja, o marketing eficaz de hoje está baseado em serviço genuíno.
Há muitas formas de você conseguir captar as oportunidades por trás dessas necessidades. Em geral, é um processo que exige estudo, pesquisa e análise; mas também existem ferramentas gratuitas que podem ajudar nessa construção. E se você tiver algum recurso (mas não muito), pode usar as redes sociais para fazer a sua pesquisa de forma simplificada. Experimente criar um anúncio sobre o serviço ou produto que pretende oferecer e avalie a quantidade de pessoas interessadas. Sua ideia será testada na prática com baixo custo. Mas, acima de tudo, utilize sua “bateria social” para observar o mercado e o comportamento das pessoas. O ponto de partida é identificar uma demanda que não está sendo atendida de maneira adequada.
Você pode até oferecer o mesmo serviço que seu concorrente, mas com diferenciais que entregam mais valor ao cliente. E isso só é possível quando você aprender a enxergar e atender às necessidades reais das pessoas, criando algo genuíno. Não basta seguir tendências, é preciso entender profundamente seu público e estar disposto a adaptar-se constantemente.
Dessa reflexão vem um outro grande atributo de quem empreende, e talvez o mais relevante de todos: empreendedores são pessoas que colocam seu talento a serviço do outro e, de quebra, se conseguirem fazer isso muito bem feito, também conseguem alcançar seus próprios sonhos.
Portanto, convido você a refletir: o que você pode fazer hoje para conectar-se mais autenticamente com seu cliente?
Fabrícia Carneiro é jornalista, gerente de Marketing e Comunicação no Sebrae Alagoas, e há 23 anos se dedica a construir estratégias para ajudar empresas a fortalecerem suas marcas, convergindo pessoas, inovação e comunicação.