Um movimento que ocorrerá a longo prazo, mas que já deve ser pensado hoje é o do turismo como uma atividade econômica e sustentável. Existem várias tendências emergentes na área do turismo, algumas já citadas por aqui, como as bolhas de viagem, que surgiram por causa da pandemia da Covid-19.
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Mas a proposta agora é pensar no futuro do setor do turismo. No estado de Alagoas, por exemplo, ele chega a incrementar na economia cerca de um bilhão de reais, na alta temporada, e na capital representa 15% do PIB. Os dados são dos governos estadual e municipal.
Uma pesquisa divulgada em julho de 2020 pelo Euromonitor faz um panorama do turismo até 2040 e coloca a sustentabilidade como um dos drives de recuperação do setor. De acordo com o relatório, vai se acelerar a necessidade de um turismo mais voltado para contato com a natureza, com aventuras e praias. Os dados mostram ainda que para 76% dos consumidores globais é importante ter a sustentabilidade como proposta de valor. Por isso é necessário pensar quais inovações podem surgir para a indústria do turismo se tornar mais sustentável.
Nas listas dos países que mais trabalham a sustentabilidade em suas políticas públicas pode ser citada Dinamarca, Suíça, Islândia, Luxemburgo, entre outros. Mas focando em um país da América Latina que está inovando ao alinhar suas vocações ao processo de desenvolvimento econômico e social, temos o caso da Costa Rica, que colocou o turismo sustentável no centro da estratégia. Com isso, conseguiu vincular a preservação ambiental como uma política de Estado e zerar o desmatamento. Um ponto-chave para a diversificação é o sistema educacional público de qualidade e o investimento na capacidade empreendedora do cidadão. Além disso, tem 99% de sua matriz energética limpa, agricultura sustentável, uma logística aérea e rodoviária e a expansão da indústria de alta tecnologia.
O que se pode perceber com isso é que o turismo pode ser o centro e ter vários outros setores girando em torno dele para desenvolver a economia local como um todo. É uma forma sistêmica de pensar e incentivar um mercado tão relevante.
Esse desenvolvimento econômico sustentável pode começar pelo turismo e ampliar para outras áreas do estado, de acordo com as vocações locais. Este ato, chamado de Descentralização Econômica Vocacional, cria cadeias de atividades produtivas em torno de uma determinada região de forma que elas se tornem a marca registrada ou o símbolo dessas localidades. Cada vez mais vêm se mostrando um processo construtivo, sustentável e que possibilita um maior equilíbrio econômico e social dentro de uma mesma região.
Um exemplo nesta área é a Califórnia, nos Estados Unidos, que explora várias vertentes ao longo do seu território, Há a parte tecnológica com o Vale do Silício, passando pela produção de vinho e frutas orgânicas, pelo turismo de sol e mar ou de aventura, até chegar à indústria cinematográfica com Hollywood. Não é atoa que o estado da Califórnia é hoje uma das maiores economias do mundo. Já no Brasil, um exemplo de Descentralização Econômica Vocacional é o chamado “Vale Europeu“, um circuito composto por nove municípios no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Com forte herança cultural europeia, explora suas tradições na arquitetura, culinária e nas festas tradicionais europeias, como a Oktoberfest. Além disso, tem um roteiro de compras por causa da indústria têxtil e a promoção dos aspectos religioso, rural e ecológico.
Esse assunto também faz parte do estudo Alagoas para o futuro, que a Mescla desenvolveu. Ele é gratuito e está disponível para download no site alagoasparaofuturo.com.br.