À medida que estamos sendo conduzidos para uma vida integrada ao ambiente virtual, seja com os atuais modelos de trabalho, compras e relacionamentos; a linha entre identidade digital e ser físico vai diminuindo. Por isso, surgiu a necessidade de avaliar os impactos cognitivos, sociais e emocionais, positivos e negativos, que os conteúdos digitais têm na nossa saúde física e mental. Para propor uma espécie de dieta saudável durante o consumo desses conteúdos online, surgiu o termo nutrição digital.
A ideia da nutrição digital é trazer um equilíbrio para a nossa vida através de conteúdos que possam quebrar o excesso de sentimentos negativos, que todo mundo acaba experimentando quando fica tanto tempo on-line. A proposta não é desconectar ninguém, ou fazer um detox digital, mas sim oferecer um cardápio de alternativas que estimulem emoções positivas.
A plataforma Moodrise 1000 se propõe a indicar conteúdos audiovisuais que estimulem a produção de substâncias no cérebro que tragam sensações como calma, foco, motivação, relaxamento, entre outros. Ao navegar pela plataforma você pode apontar que sentimento você quer estimular. Ao escolher “felicidade”, por exemplo, a plataforma te oferece uma série de filmes, documentários e programas disponíveis em plataformas de streaming, como Youtube e Netflix, para que você possa assistir e estimular no seu cérebro a criar a substância química (serotonina) responsável pela felicidade. O mesmo laboratório que criou a Moodrise 1000, tem outras inovações ligadas a nutrição digital, só que com entregas diferentes como podcasts, textos e até bate-papos.
Já na Austrália, a psicóloga Jocelyn Brewer tem focado seus esforços em trabalhar a nutrição digital nos alunos do ensino médio. Com trabalhos desenvolvidos para escolas e pais, a profissional propõe guiar os estudantes para encontrar o equilíbrio entre a inteligência digital, a confiança e o bem-estar. Ela acredita que quando você tem o básico de um relacionamento saudável com a tecnologia, não precisa se forçar a ficar offline para encontrar a paz.
Na mesma linha de propor conteúdos digitalmente mais saudáveis e menos tóxicos, há o projeto de jornalismo conceitual chamado BLKNWS. A proposta deles é expor e neutralizar os preconceitos raciais nas reportagens, oferecendo uma alternativa à representação prejudicial dos estereótipos negros perpetuados na grande mídia. O projeto é transmitido em instalações de arte espalhadas pelo mundo.
No Brasil, existe o Razões para Acreditar. Uma conta do instagram que publica só notícias boas. Vicente Carvalho, criador do projeto, conta que a iniciativa surgiu para dar um respiro para nós, que enfrentamos uma realidade tão pesada. Hoje, o razões se tornou um dos mais bem sucedidos projetos de crowdfund do país. Além de trazer boas notícias, também arrecadam fundos para auxiliar pessoas e instituições que precisam. Não só em tempos de pandemia, mas iniciativas que ajudam consumidores a manter “dietas” digitais saudáveis são muito pertinentes para quem não deseja adoecer.