O movimento body positive é focado na aceitação de todos os corpos, independentemente de tamanho, forma, tom de pele, gênero e habilidades físicas. Já era uma tendência de comportamento em ascensão no mundo, inclusive no Brasil, onde, segundo o IBGE, mais de 60% da população com mais de 18 anos estão acima do peso, ou seja, 96 milhões de pessoas. Essa maior liberdade de padrões corporais se reflete nas roupas plus size, mercado que apresentou um avanço de 21% nos últimos três anos, movimentando aproximadamente 5 bilhões por ano. E as novidades desse segmento no mercado da moda só crescem.
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Roupas e acessórios
A primeira inovação é focada em quem produz as roupas. A Alvanon é uma empresa global que surgiu da necessidade de incluir a diversidade de medidas dos manequins padrões das marcas. Ela desenvolveu uma tecnologia que coleta e analisa dados de escaneamento corporal em 3D com o intuito de informar e promover mudanças nos processos de desenvolvimento de produtos. Além de melhorar a produtividade, a empresa garante um banco de dados para as marcas investirem em modelagens com o melhor ajuste possível ampliando de forma assertiva a grade de tamanhos ofertada.
Já pensando no consumidor final, algumas inovações surgiram nos últimos tempos, como a Good Counsel, que oferta roupas plus size masculinas em modelo de caixa de assinaturas. A grade de tamanhos vai do M ao 10XL e cada caixa contém de 4 a 5 itens escolhidos a partir de um questionário de estilo aplicado na hora do cadastro do cliente.
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Já a Universal Standard, empresa americana de roupas plus size, inovou ao lançar uma edição limitada de jóias e bijuterias pensadas para tamanhos grandes. A ideia surgiu de uma dor da co-fundadora da marca, Alexandra Waldman, que não encontrava jóias modernas que se ajustassem ao seu corpo. Por isso, a marca desenvolveu uma coleção que conta com colar, gargantilha, pulseira, brincos e anéis que vestem bem em um corpo maior e com curvas. Também tem a Gregory Mountain Products, que lançou esse ano sua coleção de mochilas Plus Size, com produtos para caminhantes e mochileiros de todas as formas e tamanhos corporais.
Turismo inclusivo
Mas a inclusão do body positive quer ir além da moda e um dos segmentos que ele está ganhando força é no turismo. Ter um corpo fora dos padrões traz uma série de preocupações e foi pensando em atender esses consumidores que o Unique Village surgiu. O resort, que fica nas Bahamas, foi projetado especialmente para acomodar pessoas de tamanhos maiores, a estrutura traz portas alargadas, espreguiçadeiras e camas reforçadas e a possibilidade de participar das atividades do resort sem receio de não caber ou de quebrar algo.
Ainda tratando de viagens, o Facebook abriga a comunidade Fat Girls Travelling (FGT), onde as garotas compartilham dicas de destinos que atendem necessidades de um corpo gordo, como, por exemplo, equipamentos adequados em trilhas ou se possuem a numeração de roupas e acessórios essenciais em alguma atividade disponível. Aqui no Brasil, a jornalista Polly Marques criou um perfil no Instagram para contar suas experiências como pessoa gorda viajando. O perfil Viaja, gorda! traz dicas e comentários sobre os destinos e os ambientes gordofóbicos além de ser um espaço aberto para a troca de vivência de outras pessoas gordas.
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Ambientes confortáveis para todos
Um outro segmento é o do ambiente de trabalho, que só recentemente está se preocupando com a inclusão de corpos fora do padrão. A marca de roupas Athleta, por exemplo, promoveu treinamento com seus 5.500 colaboradores para que eles possam integrar no dia a dia a linguagem do body positive e tratamento inclusivo. O treinamento vem junto com o lançamento da linha plus size da marca. Já a AllGo faz avaliações de ambientes para determinar se o espaço é inclusivo, além de ter um app que permite que os usuários classifiquem as empresas com base em quão acessíveis elas são para as pessoas maiores.
Outra inovação na área é o guia para os recursos humanos para as empresas se atentarem às situações que envolvem a diversidade de corpos. O projeto foi idealizado pelo Naafa, uma instituição americana sem fins lucrativos que tem o objetivo de lutar contra as formas de opressão das pessoas gordas.