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Hallyu: a onda sul-coreana que está dominando o mundo

By 26 de janeiro de 2022março 24th, 2022Blog, Radar, Tendência

O Hallyu, expressão que define a onda cultural sul-coreana, é um exemplo claro de como um plano de investimento governamental de longo prazo em cultura e na economia criativa pode render bons resultados. O incentivo do Estado à produção cinematográfica teve início ainda em 1997, e cerca de 20 anos depois, as músicas, bandas, filmes, séries e programas de TV caíram no gosto popular do mundo inteiro. Para se ter uma ideia de como o governo sul-coreano entende a cultura como área estratégica, em 2020 foram $1,42 bilhões de dólares investidos para promover a criatividade local e aumentar as vendas globais. Pela primeira vez na história, a indústria de conteúdo do país viu suas exportações combinadas ultrapassarem a marca de $10 bilhões de dólares em 2019.

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Falando agora dos impactos dessa movimentação e como algumas marcas e setores estão aproveitando a korean wave para transcender algumas barreiras, no final do ano passado, o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo do governo coreano lançou o salão de exposições virtual chamado “Korea World” baseado no metaverso. O espaço virtual tem como objetivo ser um ambiente para os fãs internacionais de Hallyu interagirem e compartilharem conteúdos culturais coreanos. 

No mercado musical, a banda BTS, ídolos do k-pop, quebrou o próprio recorde mundial com mais de um milhão de espectadores pagos para um show on-line, arrecadando mais de 70 milhões de dólares em ingressos e produtos. O show foi transmitido pelo palco interativo VenewLive, que conta com tecnologia de realidade aumentada, diferentes ângulos de câmera e espaço para troca de mensagens. A dominação do estilo na indústria fonográfica é tanta que em outubro de 2021 a Billboard lançou sua parada Hot Trending Songs, que tem como base as conversas que rolam lá no Twitter, e 14 das 20 melhores músicas eram K-pop. Inclusive, para quem está acompanhando o Big Brother Brasil já pôde ver um dos participantes reproduzindo as coreografias das bandas coreanas, especialmente a girlband  Black Pink.

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E os números também impressionam quando falamos sobre séries e filmes. De Parasita, primeiro filme de língua não inglesa a vencer o Oscar de melhor filme, até fenômenos da Netflix como Round 6 e Hellbound, que passou a ser programa original mais assistido da Netflix, no topo das paradas em 80 países dentro de 24 horas após seu lançamento, ultrapassando inclusive o recorde anterior que era de Round 6. Além disso, tem os K-dramas, que somam pelo menos dezoito milhões de espectadores só nos EUA. Para esse ano já são mais de 20 títulos coreanos anunciados pela Netflix, sem contar as outras plataformas de streaming que estão correndo atrás e disponibilizando o gênero também.

Série Round 6. Foto: Revista Bula

Aproveitando o alcance desses artistas, a Samsung lançou uma edição limitada de smartphones em parceria com o grupo BTS. Os dois modelos já trazem de fábrica temas inspirados na banda pré-instalados e uma plataforma de comunidade de fãs, chamada Weverse.  Outra gigante que lançou parceria com o grupo foi o McDonald’s, com molhos inspirados em receitas populares das unidades da Coreia do Sul, o combo esteve disponível em 50 países, distribuição nunca antes abordada para uma refeição criada em parceria. Ah, e a collab também se estendeu para produtos exclusivos como roupas e acessórios. 

Grupo BTS em collab com o McDonald’s

Outro setor que o hallyu alcança é a indústria da moda. Marcas tradicionais como Chanel, Valentino, Gucci, Dior e Tiffany já apostam em ídolos coreanos para serem embaixadores. Representatividade que nunca tinha sido trabalhada por algumas dessas marcas, como, por exemplo, Kai (do grupo EXO) que se tornou o primeiro artista coreano a virar embaixador global da marca italiana Gucci. Assim como a atriz Song Hye Kyo para a Fendi e a protagonista de Round 6, HoYeon Jung, para Louis Vuitton. E essa representatividade e influência atinge também o campo sociopolítico. A banda BTS, junto dos fãs doaram mais de 2 milhões de dólares para o movimento Black Lives Matter; e ainda participaram da 76ª Assembléia Geral da ONU, abordando temas como os desafios da nova geração e o impacto que a pandemia está causando nos jovens.

Grupo BTS na reunião da ONU. Foto: Estadão

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Por aqui, a onda coreana já chegou a TV aberta através do programa The Masked Singer Brasil. O programa, apresentado por Ivete Sangalo, teve uma primeira temporada de tanto sucesso que estreou a segunda temporada com a missão de segurar a audiência das tardes de domingo da Globo.

E a popularidade da cultura coreana é tanta que a procura por cursos de língua coreana cresceu até 85% até o final de 2021. Outra curiosidade sobre esse idioma é que o Oxford English Dictionary adicionou mais de 20 palavras em sua edição de 2022.  

E fica a provocação: como aproveitar o hallyu para agregar novos públicos ao negócio?

 

 

*Imagem destaque: O diretor do filme “Parasita”, que venceu o Oscar de Melhor Filme em 2020 (Foto: Getty Images)