Nos últimos dias estamos acompanhando os impactos gerados pelas chuvas que atingiram mais da metade das cidades do Rio Grande do Sul, ocasionando desaparecimentos, causando mais de 100 mortes e deixando mais de seiscentas mil pessoas fora de suas casas. Diante dos acontecimentos, não dá para deixar de pensar se tudo isso poderia ter sido evitado se houvesse políticas públicas de redução ao aquecimento global e aos desastres climáticos.
Bom, o que está acontecendo no Rio Grande do Sul não é algo imprevisível. Em 2015, um relatório denominado de “Brasil 2040” foi elaborado com a participação de vários órgãos de pesquisa do país. O documento, encomendado pela presidência, custou R$ 3,5 milhões e previu situações de extremo alerta como elevação do nível do mar, mortes por onda de calor, colapso de hidrelétricas, falta d’água no Sudeste, piora das secas no Nordeste e o aumento das chuvas no Sul. Mas os dados considerados alarmistas fizeram com que o projeto fosse engavetado, não sendo repercutido, até o momento que chegamos aos desastres climáticos previstos.
Diante desses eventos, surgem as chamadas “disaster technologies” (D-techs) que são tecnologias que buscam soluções com o objetivo de prevenir desastres climáticos, amenizar impactos e trabalhar a recuperação das regiões afetadas.
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Um exemplo que foi pensado antes do ocorrido, visando situações de crise climática baseado em dados como o do Unicef, que concluiu que existem mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada e cerca de 100 milhões sem acesso à coleta de esgoto. Olhando para situações como essa, nasceu a PWTech, uma startup criada pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e com o Centro Internacional de Referência em Reuso de Água (Cirra – UPS). A empresa desenvolveu um equipamento portátil que consegue diariamente converter 5 mil litros de água suja da chuva, de rios, poços, represas, açudes e lagos em água potável. O aparelho está sendo usado atualmente no Rio Grande do Sul, numa iniciativa que partiu do influenciador Felipe Neto, que arrecadou mais de R$ 4,8 milhões em doações, além disso a empresa doou outros 16 purificadores. desastres climáticos
Pensando ainda no acesso à água em situações extremas, há ainda outras tecnologias brasileiras disponíveis como a Água Camelo, startup de impacto socioambiental que possibilita o acesso a uma fonte segura de água tratada. O equipamento é formado por uma mochila que comporta 15 litros de água e instrumentos de ultrafiltração, que foram elaborados para suprir quatro etapas necessárias para se ter água de qualidade para o consumo humano. 25 kits Camelos foram enviados para serem usados pela defesa civil do Rio Grande do Sul. desastres climáticos
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Passando para outras frentes, o destaque vem do próprio Rio Grande do Sul com o aplicativo SOS RS, focado em geolocalização feito por professores voluntários da Uniritter. Por meio da plataforma é possível saber em tempo real a localização das pessoas que necessitam de resgate e também comunicar o pedido de socorro aos voluntários cadastrados no aplicativo para facilitar a busca. desastres climáticos
Já pensando nos animais, foi criado um site chamado Pets RS, com o objetivo de divulgar animais que foram encontrados e estão sem donos ou divulgar o desaparecimento, e a partir disso é feito um banco com dados desses animais para que tutores de pets perdidos, voluntários, ongs e apoiadores da causa se mobilizem para resgatar e dar lar temporário. Grandes empresas como a Pet Love Brasil estão envolvidas na causa contribuindo com a divulgação e aprimoração tecnológica do projeto. desastres climáticos
Estamos suscetíveis a vivenciar desastres climáticos, dados da World Meteorological Organization (WMO) mostram que nas últimas cinco décadas ocorreram mais de 11 mil desastres naturais no planeta, vitimando dois milhões de pessoas (+90% em países em desenvolvimento) e gerando perdas econômicas da ordem de US$ 3,64 trilhões.
E sabendo disso, é preciso estar preparado para depois dos desastres climáticos. Um ocorrido que trouxe lições para o estado de Louisiana e pode servir de alerta para o mundo, em 2005 foi a passagem do furacão Katrina que na época matou mais de 1.500 pessoas e deixou cerca de 80% de Nova Orleans debaixo d’água. desastres climáticos
Depois da tragédia, foram investidos mais de US$14 bilhões entre doações e dinheiro público. Os investimentos voltados para estrutura, reforçaram os diques com quase 5 metros de altura, para impedir que a água invada a cidade. E a nova rede de bombeamento foi testada e está funcionando, as bombas de água evitam que água entre na cidade e suga para fora toda a inundação. Ao todo, são três estações, cada uma com três bombas. Além da estrutura, os investimentos também são destinados a saúde mental e a redução de impactos causados pelos traumas. desastres climáticos
Pensando nessas proporções de alagamento, surge o conceito de Cidades Esponjas, desenhadas para suportar e absorver um grande volume de água, incorporando o excedente às infraestruturas verdes. A proposta é não depender totalmente do sistema de escoamento, e tornar pontos das cidades preparados para alagamentos utilizando a natureza como parte do plano de contenção. A ideia foi apresentada por cientistas e urbanistas chineses no início dos anos 2000, e hoje é aplicada em diversas regiões, como China e Nova York. Essas construções retém água de imediato, por meio de uma área reservada para água em sistemas de açudes, evitando que ela escoe para o rio principal. E para que ocorra a absorção, é preciso grandes regiões permeáveis com vegetação naturalmente alagáveis para que a água possa ser contida por um tempo e, depois, rapidamente absorvida pelo lençol freático sem invadir as casas. desastres climáticos
A Nasa também está auxiliando no monitoramento de temperaturas extremas, no ano passado uma das piores tempestades de neves nos EUA chegou a deixar os estadunidenses sem eletricidade durante o frio. Diante de situações assim, a empresa lançou a pesquisa denominada de IMPACTS que controla aviões equipados com sensores remotos para mapear a proporção das tempestades de neve, aprimorando as previsões com o intuito de obter soluções para limitar os impactos causados. desastres climáticos
Não existem soluções simples para um problema complexo. Esse é um tema que exige uma visão de longo prazo e vários atores envolvidos na prevenção, gestão de crise e na mitigação das consequências. É preciso como sociedade tomarmos consciência do nosso próprio protagonismo e, assim, reivindicar estratégias mais efetivas. desastres climáticos
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