Alfabetização jornalística é um movimento que vem acontecendo em todo mundo que tem o objetivo de desenvolver habilidades de pensamento crítico para julgar a confiabilidade e a credibilidade da informação, seja ela impressa, televisiva ou na Internet. A ideia é ensinar crianças e jovens como identificar informações confiáveis e evitar que elas sejam vítimas da desinformação ou virem agentes de compartilhamento de fake news no futuro.
Dados de um levantamento realizado pela Poynter Institute com o apoio do Google mostrou que no Brasil, quatro em cada dez pessoas afirmam receber notícias falsas todos os dias. E mais, 43% dos brasileiros afirmaram já ter enviado um post, vídeo, imagem ou notícia e só mais tarde terem percebido que se tratava de fake news. O estudo apontou que são os mais jovens, especialmente aqueles da Geração Z, que mais assumem o envio de desinformação. Ao mesmo tempo, são eles os que verificam com maior frequência as informações encontradas nas redes. Por isso, a alfabetização jornalística se mostra tão importante e tem alguns lugares inovando ao propor esse modelo.
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O primeiro exemplo vem de um local que é referência mundial em educação, a Finlândia. O país tem um departamento de educação de mídia e audiovisual e já há alguns anos tornou a alfabetização midiática parte de seu currículo nacional. São lições sobre encontrar informações confiáveis incorporadas a aulas básicas como matemática e história.
MEKU é o departamento de educação de mídia da Finlância
Junto com o movimento governamental, surgiram iniciativas voltadas para a alfabetização jornalística. O site Digitreenit oferece aos cidadãos uma ampla gama de materiais disponíveis gratuitamente para aprendizagem independente, e as atividades de educação para a mídia Yle Uutisluokka (Yle News Class) são voltadas para adolescentes entre 11 e 18 anos de idade. Ainda tem a News Media Finland, uma associação comercial para editores de notícias que realiza atividades de educação para apoiar crianças e jovens na adoção de um relacionamento crítico e ativo com a mídia. Isso envolve ajudar os professores a utilizar a mídia jornalística nas salas de aula e produzir materiais de educação para a mídia para várias faixas etárias.
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Os Estados Unidos também iniciaram o movimento de exigir que os alunos aprendam as habilidades necessárias para criticamente analisar e interpretar as mensagens da mídia nas escolas. Desde 2022, 14 estados aprovaram leis nesse sentido. Algumas escolas do país já estão ensinando alfabetização jornalística desde o jardim da infância e na sociedade civil tem entidade como a Media Literacy Now, uma organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de tornar a alfabetização midiática amplamente compreendida e aceita como um elemento essencial na educação pública; e o News Literacy Project, uma organização também sem fins lucrativos que está construindo um movimento nacional para promover a prática da alfabetização jornalística em toda a sociedade americana. Já no mundo acadêmico, tem o Center for News Literacy da Stony Brook University que está empenhado em ensinar os alunos a usar habilidades de pensamento crítico para julgar a confiabilidade e a credibilidade de reportagens e fontes de notícias.
The Satakieli News é uma metodologia de educação para a mídia pensado para reunir crianças com necessidades especiais e alunos sem deficiência para criar notícias. Além de trabalhar em cima de temas de seus interesses, os participantes aprendem a ter voz na mídia e na sociedade por meio dessas notícias que criam e publicam em equipe. A metodologia está sendo aplicada na Finlândia e em Taiwan.
A alfabetização jornalística ou alfabetização para a mídia é um movimento emergente que é uma ótima oportunidade para pensar negócios de impacto.
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