Com o fechamento das escolas e a necessidade de migrar para o digital, as instituições de ensino foram forçadas a implementar a chamada Educação 4.0. Alunos e professores buscaram formas de se adaptar à nova realidade, seja via aplicativos, softwares e também com o YouTube. Segundo dados do Thinking With Google, ainda nas primeiras semanas de março, videos com o termo “estude comigo” teve uma procura 52% maior do que semanas anteriores a pandemia do novo coronavírus.
Passado o susto, é hora de reconhecer que a educação está em profunda transformação. As instituições de ensino e a grade curricular precisam correr contra o tempo para se adaptar às novas demandas e habilidades necessárias para o mundo que está sendo construído. O mercado está em constante mudança, o que faz muita gente questionar se os modelos educacionais, inclusive universitários, que existem hoje ainda valem a pena, já que não estão conseguindo acompanhar os avanços tecnológicos e consequentemente preparar os profissionais do futuro.
Ao perceber esta lacuna, as empresas de tecnologia estão ampliando sua área de atuação e investindo em formação para atender as necessidades que estão surgindo com a digitalização. É o caso do Facebook, que em julho deste ano anunciou uma parceria com o Conselho Central de Educação Secundária da Índia para criar um programa de certificação de ferramentas digitais para crianças. O objetivo é justamente prepará-las para os empregos emergentes. A mesma instituição também firmou parceria com o Google para que ele apoie mais de 1 milhão de professores em todo o país na educação online. São duas gigantes da tecnologia se associando ao conselho nacional de escolas públicas e privadas de um país como a Índia, para implementar um novo modelo educacional.
Uma outra inovação anunciada recentemente, é o Google Career Certificate. Um programa que promete entregar uma graduação em 6 meses. O passo dado pela empresa de tecnologia foi considerado como um enfrentamento às Universidades tradicionais, já que a proposta é dar uma formação de alto nível, completamente online, em áreas como Análise de Dados, Gestão de Projetos e UX Designer, cobrando 49 dólares por mês. Para as primeiras turmas, disponíveis nos Estados Unidos, serão dadas 100 mil bolsas.
Se essas empresas estão investindo em educação, é porque há um vácuo deixado pelas instituições tradicionais. Para se ter uma ideia, até um provedor de internet do Reino Unido está investindo em educação infantil. Ele desenvolveu um jogo, chamado Digital Dash, que quer ensinar crianças habilidades digitais, como codificação. Atualmente, quem sabe escrever códigos de computador é muito valorizado e quanto mais o mundo se digitalizar mais importante é ter pessoas com este conhecimento.
Uma outra frente que as instituições de ensino precisam trabalhar é no desenvolvimento das chamadas soft skills, ou competências comportamentais, como inteligência emocional, criatividade, colaboração, resolução de problemas, pensamento crítico. Muitas delas estão previstas na base curricular brasileira aprovada em 2017 e precisam ser intensificada durante toda a vida, principalmente na escola.
Um levantamento global do Linkedin, lançado no dia 17 de agosto, mostrou que as softs skills são maioria entre as dez habilidades mais valorizadas por empregadores. O ranking tem no topo a comunicação, mas trouxe ainda a capacidade de liderança, de aprendizado online e de resolução de problemas na lista. Este estudo analisou as exigências de cerca de 12 milhões de vagas disponíveis na plataforma em julho deste ano.
Isso mostra que o sistema educacional precisa ser repensado como um todo. E que as instituições de ensino precisam alargar sua visão de futuro para se antecipar e ter condições de realizar essas transformações necessárias para suprir os novos anseios e as lacunas tanto dos estudantes, quanto do mercado.