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Braile cultural e o espírito do tempo

By 21 de novembro de 2024Blog

Estamos de volta como a série da Mescla Pense como um (a) Futurista! Depois de explorar as nuances do passado, presente e futuro e as habilidades de um Future Thinker vamos agora tratar sobre o contexto e a identidade de uma época.

O futuro está olhando para nós
“O futuro está aí … olhando para trás para nós. Tentando entender a ficção que teremos nos tornado.” – William Gibson

Braille Cultural: decifrando o invisível.

A cultura está por toda parte: nas telas, outdoors, ruas, shows, galerias, músicas, e até nas novelas. É filtrada por milhões de mentes e executada com milhares de técnicas. Mas como podemos decifrar essa cultura? E, mais importante, como traduzi-la?

O trabalho de um Future Thinker é encontrar essências no meio do caos, conectar movimentos que dão ordem ao mundo parcialmente construído em que vivemos. Apesar do elemento de ansiedade presente nessa busca, em meio a toda a “bagunça”, existe uma mensagem, um sinal fraco. Ou talvez, um espelho que reflete uma parte de nós mesmos que não conseguimos encontrar em nenhum outro lugar.

Decifrar essa “bagunça” é o que chamamos de Braille Cultural, um termo cunhado pela futurista Faith Popcorn. É como dedilhar a cultura atual para compreendê-la profundamente, ou seja, a habilidade de “ler” e interpretar mudanças culturais, sociais e de comportamento. A ideia base é desenvolver uma sensibilidade aguçada para captar sinais sutis e indícios de tendências emergentes na sociedade.

Segundo Popcorn, essa prática envolve observar comportamentos, padrões e sinais culturais que revelam para onde a sociedade está se movendo. Por meio dessa leitura cuidadosa, é possível antecipar futuras necessidades, desejos e mudanças, o que é fundamental para a inovação em negócios, produtos e serviços e na construção de futuros desejáveis.

Isso nos leva ao Zeitgeist, o espírito do tempo.

Zeitgeist, como assim “Espírito do Tempo”?

Zeitgeisté uma palavra de origem alemã que significa espírito do tempo ou espírito da época. É o conjunto de ideias, crenças, comportamentos, e valores que definem um período específico da história. Em outras palavras, o Zeitgeist é o clima cultural e intelectual que influencia a forma como as pessoas pensam, agem e percebem o mundo ao seu redor em um determinado momento.

Por exemplo, os anos 1960 foram marcados pelo espírito de liberdade, rebeldia e busca por mudanças sociais. Já os anos 2000 trouxeram o avanço tecnológico, a globalização e a popularização da internet como elementos centrais do Zeitgeist daquela época. Atualmente, vivemos um Zeitgeist caracterizado pela conectividade digital, a valorização do bem-estar, a busca por diversidade e inclusão, e a preocupação com a sustentabilidade. Quando você pensa nas palavras que representam os dias de hoje, o que vem à mente?

Onde podemos acessar o Zeitgeist?

O Zeitgeist está em toda parte. Ele se manifesta na cultura popular, nos movimentos sociais, nas notícias, nas redes sociais, na moda, nos filmes, na arte, na música, projetos e empresas, e até mesmo nas tecnologias que usamos diariamente. Para acessá-lo, precisamos:

  1. Observar tendências culturais: Prestar atenção em filmes, músicas, séries, e outras expressões culturais. Eles costumam capturar e refletir o que as pessoas estão pensando e sentindo.
  2. Acompanhar as redes sociais e mídias: As redes sociais são excelentes para perceber como as pessoas expressam suas opiniões, valores e estilos de vida, revelando o Zeitgeist em tempo real.
  3. Estudar movimentos sociais: Mudanças em comportamentos sociais, como movimentos por justiça social, direitos humanos, e sustentabilidade, são fortes indicadores do espírito da época.
  4. Analisar o comportamento de consumo: O que as pessoas estão consumindo (produtos, serviços, informações) revela muito sobre o Zeitgeist. O que está sendo vendido e comprado reflete as necessidades, desejos e preocupações do momento.

O perigo das bolhas culturais!

Já percebeu que você vive em um mundo editado? Vivemos em realidades limitadas e filtradas. Tudo o que chega até nós passa por algoritmos, curadorias e grupos fechados de amigos, família e trabalho. As redes sociais, como Facebook, TikTok, e Instagram, acabam gerando o que chamamos de “bolha de filtro”.

Esse termo foi cunhado pelo ativista Eli Pariser e se refere ao ecossistema pessoal de informações que os algoritmos nos mostram – aquilo que outras pessoas semelhantes a nós estão pensando e consumindo. Isso naturalmente nos faz conviver apenas com pessoas que pensam da mesma forma, nos tornando resistentes para ideias que desafiam nossa visão de mundo.

Para um Future Thinker, esse é um desafio: estourar a bolha! Fazer o braile cultural é um convite ao desconforto, a compreender que existe um mundo muito mais amplo do que o nosso microcosmo, com diferentes realidades e necessidades. E quanto maior a exposição, maior a amplitude da visão. Fazer o braile cultural é um processo de entrega, quase um processo terapêutico, onde você vai trabalhar autoconhecimento, se desfazer de preconceitos, ver o mundo sobre outros pontos de vista, ser mais empático, exercitar a sua curiosidade e imaginação, aprender coisas novas, colocar o tico e teco para funcionar e, assim,  gerar as conexões necessárias para trazer sentido para seu projeto e entregar resultados relevantes para você, para sua empresa ou comunidade, ou para o cliente.

Por que fazer o braile cultural para decifrar o espírito do tempo é importante?

Compreender o Zeitgeist é crucial para várias áreas da vida e dos negócios:

  1. Para tomar decisões estratégicas: Empresas que entendem o espírito do tempo conseguem alinhar seus produtos, serviços e estratégias de marketing com os valores e necessidades atuais das pessoas. Isso aumenta a relevância da marca e a chance de sucesso no mercado.
  2. Para inovar: Estar em sintonia com o Zeitgeist permite identificar tendências e oportunidades de inovação. As empresas e indivíduos que captam essas tendências cedo conseguem criar produtos e serviços que se alinham com o que as pessoas desejam ou precisam.
  3. Para se conectar com as pessoas: Compreender o espírito da época ajuda a se comunicar de maneira mais eficaz, pois você entende o que move, preocupa e motiva as pessoas. Seja em campanhas de marketing, discurso político, ou mesmo em interações cotidianas, conectar-se com o Zeitgeist facilita a construção de relações significativas.
  4. Para refletir e mudar: O Zeitgeist também nos oferece um espelho para refletirmos sobre nossas próprias crenças e comportamentos. Ao entender o espírito do tempo, podemos questionar normas, desafiar preconceitos e contribuir para mudanças positivas na sociedade.

E aí, vamos estourar a bolha e sentir o verdadeiro pulsar do tempo?

Renata Mendonça

Sócia-fundadora da Mescla.

Buscadora, curiosa, em movimento.