Você já percebeu como parece que todo mundo quer fazer uma collab hoje em dia? De repente, as marcas que você segue lançam um produto em conjunto com outra empresa, um influenciador ou até um artista famoso. As colaborações estão em alta, sem dúvida! Mas será que essa onda de parcerias realmente faz sentido para todas as marcas? Ou estamos diante de mais um modismo que, como as trends das redes sociais, pode acabar prejudicando o posicionamento de algumas empresas?
O conceito por trás das collabs é tentador: duas marcas se unem para criar algo novo, combinar públicos e, claro, gerar aquele buzz nas redes sociais. Parece uma receita infalível, certo? Mas a verdade é que, como toda receita, ela só funciona se você tiver os ingredientes certos. E é aí que muitas marcas tropeçam.
Pensa comigo… já viu alguma parceria que, aparentemente, não faz o menor sentido? Até agora eu estou tentando entender o que levou a Casa Riachuelo e o McDonald’s a se unirem para lançar o “lençol dos Brabos”… sério, mesmo!
Não me entenda mal; não estou dizendo que collabs são ruins. Quando bem-feitas, elas são poderosíssimas. Ajudam a rejuvenescer a marca, expandir o alcance e até a criar uma experiência nova e surpreendente para o consumidor, além de ampliar o faturamento. Só em 2023, por exemplo, a CIMED faturou R$400 milhões na collab com a Fini e obteve um crescimento de 2000% nas vendas do Carmed, em relação ao ano anterior.
A Crocs é outra marca que usa e abusa desse recurso para reforçar sua autenticidade (e excentricidade) por meio de várias collabs: Bob Esponja, Pringles, Balenciaga, Barbie, Toy Story, Justin Bieber, Star Wars… Acredite, a lista é infinita!
Mas, para que uma collab funcione, é preciso ter coerência. Ela deve reforçar o posicionamento da marca, não colocá-lo em cheque ou gerar confusão para o consumidor. Se você é uma marca com propósito claro e um público fiel, é fundamental se perguntar: essa colaboração está alinhada com o que eu acredito? Ou estou só embarcando no hype? Parece óbvio, mas na correria para não ficar de fora da “onda do momento”, muitas marcas esquecem de fazer essa análise.
Quando duas marcas que compartilham valores semelhantes se unem para potencializar sua mensagem, o público enxerga essa coerência, e a conexão com a marca se fortalece. Agora, o oposto também é verdadeiro: quando a collab é apenas uma estratégia de marketing, sem propósito real, o público percebe a desconexão. E o que acontece? Você acaba perdendo a confiança que tanto lutou para construir. É o famoso “tiro no pé”.
Portanto, antes de sair por aí em busca da sua próxima parceria, pergunte-se: isso reforça meu posicionamento ou pode acabar diluindo a identidade da marca? No fim das contas, a lição é simples: collabs podem ser uma ferramenta incrível, mas só quando fazem sentido de verdade para a sua marca. De nada adianta atrair novos olhos se, na prática, você está se distanciando do que realmente importa — a coerência e a autenticidade. Como diz o velho ditado: “nem tudo que reluz é ouro”. E nem toda collab vai fazer sua marca brilhar.
Fabrícia Carneiro é jornalista, gerente de Marketing e Comunicação no Sebrae Alagoas, e há 23 anos se dedica a construir estratégias para ajudar empresas a fortalecerem suas marcas, convergindo pessoas, inovação e comunicação.