Uma forma de iniciar o assunto é conhecendo a definição da não monogamia ética (ENM), que corresponde a “uma relação romântica comprometida em que todos os parceiros consentem em encontros sexuais e/ou românticos com outros indivíduos”, que inclui o poliamor e outras formas de relacionamentos abertos. O interesse pelo tema já vinha em crescimento nas últimas décadas, como mostrou um estudo do Google ainda de 2016, que constatou um aumento significativo no número de consultas anônimas na Web sobre os temas em um período de 10 anos.
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Aqui no Brasil, o Instituto Brasileiro de Direito de Família do DF fez uma pesquisa em 2020 que traçou o perfil dos poliamoristas brasileiros. Nos dados coletados em 20 estados, a faixa etária variava de 18 a 67 anos de idade, com sexo biológico divididos entre 47,8% masculino e 48,5% feminino e de diversos gêneros. A maioria, 40,2%, têm nível superior.
E a pandemia ajudou a acelerar essa mudança de comportamento. Nos Estados Unidos, por exemplo, houve um aumento na procura de relações abertas no pós-isolamento social. Segundo uma pesquisa da YouGov, 25% dos adultos norte-americanos disseram que estariam interessados em um relacionamento aberto, sendo os millennials os mais propensos a aderirem a prática. E diante desse novo comportamento alguns setores estão apostando em inovações para atender essas novas demandas.
Apps de relacionamentos
Para começar, os famosos aplicativos de relacionamento como o Feeld. Uma plataforma que se propõe a ser um espaço positivo para as pessoas que procuram explorar o namoro além do comum. Ele promete privacidade, possibilidade de contas de casal, disponibiliza mais de 20 possibilidades de gênero e sexualidade e permite bate-papos em grupo. O app defende a não monogamia ética e a abertura para explorar diferentes tipos de relacionamentos não convencionais.
Um outro aplicativo é o #open. Ele foi projetado especificamente para pessoas poliamorosas, não monogâmicas éticas e abertas. Os usuários devem personalizar seus perfis com hashtags que expressem suas preferências e limites de sexo e relacionamento, além de determinar os pronomes que preferem. Permitindo também que os usuários naveguem em salas de bate-papo de discussões em grupo sobre variados temas. As regras do #open são negociação, inclusão, consentimento e experiência.
Um outro aplicativo, atrelado ao setor de hospitalidade, é o da rede americana de hotéis boutiques The Standard. Recentemente ela lançou o Lobby, que permite a conexão de hóspedes, por uma espécie de rede social, enquanto estão no mesmo hotel. Ele passa a funcionar a partir do momento que o hóspede faz o check in, daí dá para criar um perfil revelando o quanto quiser sobre si mesmo e começar a interagir com os outros hóspedes. No check-out, todos os dados digitais desaparecem do app sem deixar vestígio.
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Mundo físico
Saindo dos aplicativos, nossa próxima inovação é um showroom da Ikea especialmente projetado para um trisal. O projeto se chama His, His & Hers e foi desenvolvido por três designers que se relacionavam e perceberam a partir de suas vivências a necessidade do desenvolvimento de móveis e projetos adequados para o formato de relacionamento deles. Além da cama com três lugares, é possível conhecer uma mesa triangular, um ambiente com três pias e uma arara de roupas com três divisões.
No Canadá, o escritório de design e arquitetura Common Accounts construiu a casa Don’t Let Me Be Lonely seguindo as necessidades de seus ocupantes, um trisal de homens gays. No Brasil, a startup que entrega colchões em caixas, Zissou, percebeu a necessidade de colchões maiores tanto para pessoas em relacionamentos de poliamor como também para atender famílias com crianças ainda em fase de cama compartilhada ou até mesmo tutores e seus pets.
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Grupos e comunidades
Há também as comunidades e grupos que orientam e conectam pessoas que querem entrar no mundo do poliamor. O More Than Two é um site que traz orientações sobre a não monogamia ética. Já o Open Love NY é um grupo, com 5 mil membros, de apoio a comunidade de poliamor de Nova York e região. Aqui no Brasil, a atriz Fernanda Nobre e o marido, diretor teatral José Renato Jardim, estão em um casamento aberto há 3 anos e decidiram falar mais sobre o tema desde o ano passado, tornando o Instagram dela um espaço para troca de experiências sobre o assunto.