O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) possui características que podem impactar nas áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais e ocupacionais, a depender do grau que a síndrome se apresenta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças no mundo tem autismo e a estimativa é de que existam 2 milhões de autistas no Brasil. Então, alguns setores estão desenvolvendo inovações voltadas para esse público.
O primeiro exemplo vem da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, onde pesquisadores estão desenvolvendo um óculos inteligente para pessoas com autismo. A proposta do “The Autism Glass Project” é ajudar a reconhecer as emoções faciais básicas, o que muitas vezes é bem difícil para uma pessoa com autismo, o que torna as interações sociais complicadas. O acessório utiliza um sistema de aprendizado de máquina e inteligência artificial para automatizar o reconhecimento de expressões faciais e fornecer dicas dentro do ambiente natural da pessoa, ou seja, a tela do óculos exibe se a pessoa com quem a criança, por exemplo, está interagindo está com cara de triste, de feliz, de raiva ou de surpresa, entre outras emoções. Além disso, os óculos também registram a quantidade e o tipo de contato visual que a pessoa teve com determinados rostos.
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O segundo exemplo vem da Turquia, o aplicativo Otsimo. Uma plataforma que tem o objetivo de democratizar o acesso à educação especial e a terapia da fala através da gamificação, ensinando às crianças habilidades essenciais para o desenvolvimento cognitivo e comportamental. São mais de 100 jogos com ajustes de dificuldade de acordo com a idade e o nível da criança. Uma forma interessante de transformar o momento de lazer em aprendizado.
Uma outra inovação é um instrumento terapêutico. A Synchrony, é uma espécie de tambor que ajuda pessoas com autismo e seus familiares a desenvolver intimidade e promover a compreensão uns dos outros por meio de música improvisada. A música ajuda a acalmar o cérebro e relaxa a tensão tátil, além de criar um espaço seguro para a autoexpressão e a autoexploração. Sua superfície é de um macio silicone responsivo ao toque, que modifica os sons emitidos de acordo com a pressão e a velocidade. A técnica auxilia na comunicação, no sentido de colaboração, também estimula a criatividade e o sensorial.
A próxima inovação vem da França e foi desenvolvida pela designer Alexia Audrain, em parceria com o instituto médico-educacional de Blain. Ela criou uma cadeira de madeira que envolve o corpo como um casulo para confortar pessoas com autismo. Chamada de OTO, a peça é forrada com painéis macios que se inflam para envolver a parte superior do corpo e as pernas de uma pessoa. Com botões para aumentar ou diminuir a pressão, os usuários permanecem totalmente no controle, diferente de quando são abraçadas terapeuticamente por outra pessoa. A cadeira ganhou este ano o prêmio nacional francês de design James Dyson e deve ser lançada no mercado em 2022.
E também é possível encontrar inovações mais analógicas. A primeira vem de Sutton, no Reino Unido, onde O restaurante, chamado Cravings, lançou recentemente a “noite amiga do autista”. A proposta é todas as segundas-feiras, dia naturalmente mais calmo de movimentação do restaurante, as pessoas possam aproveitar de um ambiente sem julgamentos, com a possibilidade de levar seus próprios utensílios – caso isso ajude o cliente a relaxar – escolham entre puffs ou cadeiras, recebam uma atenção diferenciada para a temperatura da comida, entre outras observações que auxiliam na melhor experiência de uma pessoa com autismo.
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Nos Estados Unidos, uma organização sem fins lucrativos, promove o acesso a peças da Broadway para pessoas diagnosticadas com transtorno do espectro do autismo. Essas apresentações especiais contam com ajustes nas luzes e no som, além de disponibilizar profissionais de suporte durante todo o show. Entre as performances “amigas do autismo” na Broadway estão: O Rei Leão, Mary Poppins, Homem-Aranha, O Fantasma da Ópera e Aladdin. Já em Alagoas, a Associação Onda Azul, projeto de cunho nacional, é apoiada pela Apae e tem intuito de trabalhar a surfterapia com autistas.
Fica então a reflexão de como o seu negócio pode inovar para atender demandas específicas de pessoas com TEA e demais características de outras síndromes.