Com um potencial de impacto gigantesco em vários setores, impressão 3D é uma tecnologia desenvolvida há algum tempo, mas que só recentemente está mostrando seu leque de possibilidades. Ela permite obter objetos físicos precisos, a partir de um modelo criado no computador. O impacto disso é que qualquer coisa que seja projetada digitalmente consegue ser concretizada, de peças de reposição de máquinas a grandes construções de casas.
De acordo com um levantamento da consultoria americana Markets and Markets, até 2025, o mercado global das impressoras 3D deve atingir um valor de US$ 42,9 bilhões, com crescimento médio de 23,3%. O setor que já usa a impressão 3D há algum tempo é o de manufatura aditiva. Empresas como GE (General Electric), ThyssenKrupp, Natura, montadoras de carros entre outras indústrias, usam a tecnologia para imprimir peças de reposição para seus equipamentos, otimizando a produção e diminuindo custos.
No setor de construção, iniciativas pelo mundo já utilizaram a tecnologia para imprimir casas inteiras. A Universidade de Nantes, na França, foi a primeira a imprimir uma casa que recebeu moradores – uma família de 5 pessoas. Já a primeira comunidade mundial de residências impressas em 3D foi feita na cidade de Tabasco, no México. O projeto foi uma parceria da instituição sem fins lucrativos New Story com construtora Icon. O projeto mais ousado até agora foi produzido na Antuérpia, na Bélgica, onde o centro de sustentabilidade, inovação e construção Kamp C imprimiu um prédio inteiro de dois andares. Aqui no Brasil, a startup InovaHouse 3D está desenvolvendo seu próprio projeto de habitação.
Passando para o segmento da moda, uma série de produtos, que vão de tecidos a acessórios, já podem ser impressos em 3D. Empresas como a My Mini Factory oferece projetos instantâneos para que qualquer pessoa que tenha uma impressora 3D possa comprar e imprimir o tecido. Já a Sculpteo faz o caminho inverso, o estilista ou designer desenha as peças nos softwares que a empresa disponibiliza e depois compra a impressão feita pela empresa, de forma similar trabalha a empresa brasileira Audaces. Entre as marcas famosas, tanto a Chanel quanto a Versace já inseriram peças impressas em 3D em suas coleções.
Na área de acessórios, há a startup americana Protos, que desenvolveu um software que permite desenhar, criar e imprimir óculos que atendam às características únicas de cada face; a brasileira Noiga que imprimi brincos, pulseiras, gargantilhas e bolsas; e a Pé sem dor imprime em 3D palmilhas sob medida para aliviar dores nos pés, tornozelos e joelhos.
Em Alagoas, no momento mais crítico da pandemia, um grupo de profissionais que possuem impressora 3D se juntou para produzir videolaringoscopias para ajudar na intubação de pacientes infectados com Covid – 19. Os produtos foram entregues a hospitais do estado.
Tudo que foi citado até aqui é mercado já aberto, que gera negócios. Mas existe todo um segmento ainda em desenvolvimento.
A rede de fast-food KFC anunciou recentemente uma parceria com o laboratório de pesquisa russo, 3D Printing Solutions, para desenvolver tecnologia para a chamada “carne do futuro”. De acordo com o comunicado à imprensa, está em desenvolvimento uma tecnologia que usa células de frango e material vegetal para reproduzir o sabor e a textura da carne de frango.
Uma outra área que também está em desenvolvimento é a da bioimpressão. Ou seja, a possibilidade de produzir órgãos humanos em impressora 3D. Alguns experiências estão sendo realizadas pelo mundo, inclusive o Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da USP conseguiu, ano passado, reproduzir um fígado humano em escala reduzida, com 1 cm de largura. Isso pode ser um sinal para o futuro dos transplantes.
A tecnologia de impressão 3D vai mudar completamente a lógica de produção de larga escala, para um produção personalizada sob demanda. Cada vez mais ela vai se popularizar, se tornar mais barata. Influenciando diretamente no comportamento do consumidor, em formatos de negócios, além de exigir novas habilidades profissionais.