O calendário eleitoral de 2020 ainda está em discussão, mas uma coisa é certa, com o avanço das tecnologias e da conectividade, a forma de fazer campanha eleitoral mudou muito. Nos últimos anos, estratégias que funcionavam bem no mundo analógico, passaram a não dar tão certo com a digitalização e popularização das redes sociais. Até a última eleição, se deu melhor quem soube combinar as campanhas online e offline. Mas no pós Pandemia, as caminhadas e reuniões com candidatos estão ameaçadas. Consequentemente, a campanha eleitoral deve se intensificar ainda mais no mundo virtual.
Ainda em 2019, ou seja, bem antes de imaginarmos que estaríamos vivendo uma pandemia como esta, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, anunciou a interrupção da publicidade política na plataforma em todo o mundo. No comunicado feito na época, ele disse que o alcance da mensagem política deveria ser conquistado, e não comprado. Além disso, recentemente, a rede social passou a sinalizar postagens com conteúdos não confiáveis sobre eleições, e o presidente Donald Trump foi o alvo dessa ação. Jack Dorsey, confirmou que o Twitter continuará a apontar informações incorretas ou contestadas sobre as eleições em todo o mundo. Estes esforços são parte da política de integridade cívica da rede social e as pessoas podem acioná-la através do perfil @TwitterSafety
Já o Facebook foi por um caminho, digamos, mais capitalista. Ao contrário do Twitter, ele não vai impossibilitar o impulsionamento de publicidade eleitoral, mas vai dar a oportunidade ao eleitor de desativar, no Facebook e Instagram, os anúncios políticos, caso não queira ver. A medida já vai valer para as eleições presidenciais americanas deste ano. Outra inovação das plataformas de Mark Zuckerberg é a introdução de um Centro de Informações de Voto para compartilhar conteúdos sobre eleições. Esse recurso incluirá informações sobre como e quando votar, registro de eleitores, votação por correio e votação antecipada, ações possíveis nas eleições dos Estados Unidos.
As inovações propostas pelo Google para a eleição americana deste ano é a limitação de segmentação de público para publicidades eleitorais. Os anúncios só serão permitidos para categorias gerais como idade, sexo e local. Antes os candidatos americanos podiam acessar registros públicos dos eleitores que mostravam a filiação partidária e a visão política. Esta mesma medida já havia sido tomada na União Européia e no Reino Unido, ou seja, nada impede que na eleição presidencial de 2022 os parâmetros sejam implementados no Brasil também.
Puxando para a realidade brasileira, que este ano terá eleições municipais, algumas tendências já podem ser apontadas. Por exemplo, quem trabalhou a influência e criação de autoridade na rede social, já sai com uma pequena vantagem. Além disso, mais do que em 2018, a comunicação privada vai fazer uma grande diferença, mas tem que ter uma boa estratégia para não ser invasivo e causar o efeito contrário.
Mas as atenções mesmo devem ser concentradas na disseminação de notícias falsas. A tecnologia está cada vez mais sofisticada e já existem técnicas, como o deepfake, que consegue criar vídeos de pessoas dando declarações que nunca foram faladas. O deepfaker mais famoso do Brasil é o Bruno Sartori, que usa a técnica para fazer paródias políticas. O tema merece toda a atenção porque as agências de checagem brasileiras podem não dar conta para a quantidade de ataques que surgirem e os checadores alertam que plataformas de checagem ligadas a partidos políticos ou governos não são as melhores referências.
Inovações que podemos citar neste campo é a Fátima, bot que funciona no Whatsapp e divulga checagens feitas pela agência “Aos Fatos”, e o Bot Sentinel, uma plataforma gratuita desenvolvida para detectar e rastrear bots políticos, esses que sobem hashtags através de robôs, e contas não confiáveis no Twitter.
Para as campanhas eleitorais, existem outras tendências e tecnologias emergentes que podem ser usadas este ano. Produzimos um e-book com exemplos aplicados destas tendências em campanhas eleitorais. Quem se interessar pode baixar uma versão gratuita no link disponível em nosso Instagram: @mescla.co.